ARMANDO TADDEI: 50 ANOS NO SETOR DE PANIFICAÇÃO

50 ANOS NA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS PARA PANIFICAÇÃO
A HISTÓRIA VIVA: Armando Taddei Junior está há cinquenta anos no setor de equipamentos para panificação. A família Taddei há 95 anos
A Revista Panificação Brasileira documentou na edição 154 a trajetória profissional e Homenageou o ilustre engenheiro e consultor técnico da PCRT.
ORIGEM: A cidade de Mori (Itália), é o berço da Família Taddei, onde nasceram na metade do século 19 os nossos “Nonos”, Pietro Micchelle e Clementina. Em 08/06/2023 encontraram-se em Mori 14 primos Taddei italianos com 15 primos Taddei brasileiros em um emocionante encontro.
Cartaz exposto no comércio de Mori informando a cerimônia de homenagem aos Taddei brasileiros.
– Queremos conhecer um pouco mais do Armando Taddei Junior. Onde nasceu, pais, família, time que torce, etc.?
Armando Taddei Junior – Nasci na cidade de São Paulo, no dia 04 de outubro de 1947. Minha mãe era Sra. Ice De Nardi Taddei e meu pai Sr. Armando Taddei. Sou casado há 44 anos com a Sra. Lucília Regina Alves Taddei e tenho dois filhos Renata Alves Taddei, casada com Eder Moreia Junior e Pedro Alves Taddei, casado com Mariana Zarvos Taddei e pais de Felipe Zarvos Taddei.
Cursei engenharia na FEI – Faculdade de Engenharia Industrial em São Bernardo do Campo. Sou sócio veterano do Esporte Clube Pinheiros e torcedor do São Paulo Futebol Clube.
Panificação Brasileira – Você tem uma história de vida profissional e pessoal muito ligada ao seu pai. Nos fale com foi essa relação nesses dois campos.
Armando Taddei Junior – Sim, minha vida profissional é muito ligada à trajetória do meu pai, Sr. Armando Taddei. A história do Sr. Armando Taddei no setor de Equipamentos para Panificação se inicia no ano de 1928, como office boy na empresa SIAM TORCUATO DI TELLA, onde Armando Taddei fez sua carreira, chegando no final dos anos 1950 à Presidência da Diretoria.
Este paradigma sempre esteve à minha frente, e não seria justo para esta tão brilhante carreira, que eu não tentasse dar continuidade à sua trajetória no Setor de Equipamentos para Panificação, à princípio trabalhando como estagiário na SIAM ÚTIL S A – Indústrias Mecânicas e Metalúrgicas, no ano de 1973, e após sua saída da SIAM ÚTIL, de onde ele se retirou ocupando o cargo de Diretor Financeiro, em 1975, passamos a trabalhar juntos na empresa da família a METALÚRGICA DO BOSQUE LTDA, até o ano de 1988, quando Sr. Armando Taddei se retira da empresa.  A partir de sua retirada da Metalúrgica do Bosque, continuei dirigindo a empresa até o encerramento de suas atividades no ano de 1999.
Panificação Brasileira – Como você começou a trabalhar com equipamentos de panificação? Como eram as padarias nessa época e como trabalhavam as empresas de equipamentos para padarias?
Armando Taddei Junior – Antes de eu começar a trabalhar efetivamente no Setor de Equipamentos para Panificação, já frequentava acompanhando meu pai a fábrica da SIAM TORCUATO DI TELLA, que ficava na Rua do Bosque, nº 106, que, além de Equipamentos para Panificação, fabricava também Equipamentos para Refrigeração Comercial, Equipamentos para Biscoitos e Massas Alimentícias, e Equipamentos para Postos de Serviço. Além disso, algumas vezes eu acompanhava as inaugurações de grandes panificadoras montadas pela empresa. Quando eu me refiro à grandes panificadoras é por que eram assim, casas grandes, que abrigavam equipamentos de grande porte, Fornos de Alvenaria com fornalhas laterais ou traseiras, amassadeiras para 3, 4 e até 5 sacas de farinha, forneamento com pá etc., tudo isso com produções muito grandes, fazendo predominantemente o pão que na época se chamava de bengala ou filão.
Entre os anos de 1940 e 1960 existiam duas grandes empresas que dominavam as vendas do Setor de Equipamentos para Panificação, que eram a SIAM TORCUATO DI TELLA, de origem argentina e a ÚTIL S A, que ficava na Av. Thomaz Edison, 1200, em São Paulo, que tinha seus sócios de origem italiana, mas radicados no Brasil há algum tempo.
Estas duas empresas dividiam o mercado em uma concorrência tão amistosa quanto o possível. Sim já existiam alguns fabricantes de menor porte que tinham uma clientela que nem sempre conseguia comprar da SIAM ou da ÚTIL, quer por falta de produção de ambas, quer por preço dos produtos.
Panificação Brasileira – Se você dividisse a história do setor de equipamentos para a panificação em 5 momentos, quais seriam?
Armando Taddei Junior: –
  • A existência da SIAM TORCUATO DI TELLA e a ÚTIL S A;
  • A fusão das empresas e o surgimento da gigante SIAM ÚTIL S A
  • O crescimento de diversas empresas de menor porte (muitas já existentes) com o declínio da SIAM ÚTIL S A;
  • A “invenção” do forno metálico que veio a aposentar os fornos de alvenaria e permitir a montagem de panificadoras em espaços mais reduzidos;
  • A chegada da tecnologia nos equipamentos e nos conceitos de fabricação do pão.
Esta sequência não obedece a um critério cronológico.
Panificação Brasileira – Tivemos um período que poucos lembram que foi “assustador” para muitos panificadores que foram os equipamentos para padarias compactas. O conceito não deu certo. Ao que você atribuiria não ter tido sucesso?
Armando Taddei Junior – Realmente, houve um breve período, onde alguns fabricantes de equipamentos investiram em uma tecnologia de “miniaturização” dos equipamentos, visando atender uma certa demanda do mercado de equipamentos compactos, para poder se abrir novas panificadoras cada vez em espaços menores.
O conceito da “mini padaria” se espalhou e por algum tempo foi uma tendência.
Mas foi uma passagem efêmera, porém prejudicial para o Setor de Panificação (no meu entender), por alguns motivos:
  • Os equipamentos não eram resistentes o bastante para suportar uma produção continuada;
  • Quase sempre os novos investidores de “mini padarias” não eram empresários com tradição ou experiência no setor;
  • O surgimento destas casas que estivessem muito próximas de Panificadoras tradicionais, acabava por criar uma concorrência para o tradicional vizinho, mas não trazia público para a nova casa, acabando por inviabilizar os dois negócios;
  • A chegada de empresários ao Setor de Panificação, sem tradição ou experiência, não só foi um prejuízo para o empreendedor devido a não ter retorno do seu investimento, como também foi um dano para a imagem do Setor, tão sabidamente um ramo de atividade onde o sucesso é uma marca;
  • A queda da qualidade do produto “PÃO”;
  • Como último efeito colateral danoso, foi o surgimento de um enorme mercado de equipamentos descartados e comercializados em um mercado paralelo de máquinas usadas.
Panificação Brasileira – Nessa sua caminhada, você viu muitas empresas iniciarem suas atividades e tantas outros encerrarem. Quais foram os “erros” dessas empresas que fecharam?
Armando Taddei Junior – De fato, presenciei o surgimento e desaparecimentos de dezenas de empresas. É muito difícil apontar erros nas empresas que não tiveram sucesso, pois as causas podem ser diversas como falta de planejamento, investimentos mal feitos, produtos lançados que não atenderam às expectativas, dificuldades financeiras, falta de financiamento para gerar mais vendas. Poderia continuar citando outras causas, mas, algumas empresas que fecharam cumpriram seu ciclo de vida ativa e o encerramento foi consequência deste fim de ciclo.
Panificação Brasileira – A cada governo que entra e sai, o setor de equipamentos solicita apoio do governo. Você viu em algum momento dentro desses 50 anos, algum governo que apoiou o setor?
Armando Taddei Junior – O Setor de Equipamentos para Panificação é constituído prioritariamente por pequenas e médias empresas, e nestes meus 50 anos de atividades SEMPRE ouvi qualquer tipo de governante afirmar que tem um compromisso com o apoio às pequenas e médias empresas.
Sempre ouvi, li, participei de reuniões com governantes que apresentariam planos de apoio às pequenas e médias empresas, quer através de linhas de financiamento diferenciadas, quer com promessa de diminuição de carga tributária, quer com linhas de credito para capitalização das empresas com taxas de juros subsidiadas. Poucas promessas foram cumpridas.
Panificação Brasileira – Como você vê o futuro do setor de equipamentos?
Armando Taddei Junior – O futuro do Setor de Equipamentos deverá ser brilhante. Haverá um crescimento populacional, o poder aquisitivo da população aumentará, a indústria alimentícia, onde a panificação se insere será beneficiada com o crescimento demográfico e econômico, e a aquisição de muitas máquinas, levará consequentemente o Setor de Equipamentos para Panificação a um ciclo virtuoso de atividades. Mas o grande salto do setor de equipamentos para panificação será uma continua busca na melhoria técnica dos produtos e dos processos de panificação.
Panificação Brasileira – Uma história de 50 anos, não se esgota. Grandes momentos, lutas, vitórias, etc; foram marcantes nessa trajetória de um profissional relevante para o setor de equipamentos do Brasil. Você poderia apontar algumas das principais “bandeiras” que o Armando Taddei Junior levantou e defendeu para o benefício do setor de equipamentos e da panificação brasileira?
Armando Taddei Junior – Realmente foram várias situações enfrentadas que as tomamos como bandeira. Vou destacar apenas uma mais recente e que considero de altíssima relevância, pois envolve o ser humano, a sua vida e proteção do seu bem estar.
Tenho defendido nos últimos 15 anos a segurança de equipamento e do seu usuário.
É sabido que principalmente o CILINDRO DE PANIFICAÇÃO é um equipamento que oferece muitos riscos ao seu operador, mas não é somente o cilindro uma máquina que oferece riscos.
Há mais de 20 anos atrás, o Sr. Edison Hyppolito, então presidente da ABIEPAN, recebeu uma espécie de incumbência do MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO de estudar formas de se mitigar os acidentes em cilindro. Para tanto foi constituída uma COMISSÃO DE ESTUDOS dentro da ABNT para estudar uma NORMA TÉCNICA que concedesse parâmetros de segurança ao cilindro.
Neste trabalho, fui Secretário desta COMISSÃO DE ESTUDOS e promulgamos a ABNT 13.865 – Norma Técnica do Cilindro de Panificação, que depois de promulgada e colocada em prática veio a diminuir de forma substancial os acidentes de trabalho.
No embalo deste avanço no quesito segurança, o MTE – MINISTÉRIO do TRABALHO e EMPREGO promoveu debates e depois de consultas pública veio a publicar a NR 12 – Norma Regulamentadora 12, que tratava de formas de promover segurança em máquinas em geral, tendo no seu bojo, um anexo dedicado a equipamentos de panificação.
Esta publicação teve um forte impacto no Setor de Equipamentos para Panificação, que de imediato se debruçou a entender as diretrizes e promover a adequação dos seus produtos. Em um primeiro momento a atuação da fiscalização foi bastante forte e severa, e nos primeiros anos de vigência da Norma, muitas empresas enfrentaram problemas, o mercado sentiu a pressão.
Porém, com o passar do tempo, julgando a fiscalização que era um assunto pacificado, houve uma queda nas exigências e hoje já se é possível encontrar equipamentos “alternativos” que não levem tão a sério o quesito segurança.
Eu particularmente me envolvi bastante com o tema, fico um pouco triste em ver uma tremenda mobilização ir se esvaziando com o tempo.

Sobre Sindal

Entidade sindical patronal da indústria do Estado de São Paulo, oficializada pelo MTE em 25 de janeiro de 1999, o SINDAL congrega, defende e representa os interesses das empresas que se dedicam à atividade econômica de projetar, fabricar, montar, suprir e dar manutenção em equipamentos e produtos para cozinhas profissionais e para a infraestrutura física de produção de alimentos servidos pelo setor do foodservice em geral.

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