Grito de alerta em defesa da produção e do emprego brasileiros

A estagnação da indústria de transformação em 2011 é algo extremamente
grave e preocupante. Por este motivo, entidades patronais e de trabalhadores
se unem para ressaltar que apesar do forte crescimento do consumo, o setor
industrial reduziu drasticamente a geração de empregos, agudizando ainda
mais o processo de desindustrialização no Brasil.
Juros altos, câmbio valorizado, guerra fiscal favorecendo as importações, entre
outros fatores, incentivam artificialmente a entrada de produtos importados,
fazendo com que a indústria pouco contribuísse para o crescimento do PIB em
2011. Como consequência, o crescimento total da economia deverá ficar
abaixo de 3%, após crescimento de 7,5% em 2010. Esses dados revelam o
descompasso entre as ações promovidas pelo governo, e a realidade da
indústria que demanda medidas emergenciais e efetivas.
A desindustrialização não se iniciou nos últimos anos, mas vem se
intensificando desde 2008. Em 1985, a indústria de transformação representou
27% do PIB, em 2011 deve ter chegado a menos de 16% e mantida a atual
situação, chegaremos ao fim de 2012 com menos de 15%. O declínio da
indústria coloca o país numa situação perigosa e vulnerável, com dificuldade de
gerar empregos de qualidade e salários decentes para as presentes gerações
e para as vindouras. Não se pode ignorar o impacto futuro que a redução da
atividade da indústria brasileira, e da capacidade de consumo dos
trabalhadores afetados, poderá ter sobre a expansão sustentável do emprego
no comércio e serviços.
Não há como negar a importância da indústria para a transformação social de
uma nação e a melhoria nas condições de vida de seus habitantes. Educação
de qualidade, serviço de saúde eficiente, maior oferta de habitação e
transporte, segurança e salários dignos são realidades dos habitantes de
países ricos, que não descuidam de sua indústria, pelo contrário, defendem-na
e incentivam-na com unhas e dentes, pois sabem que o setor industrial é vital
para o desenvolvimento e bem estar da sociedade, senão, vejamos a atual
posição do governo norte-americano conclamando para a defesa e
recuperação da indústria de seu país.
Infelizmente o Brasil não tem dado a devida atenção àquilo que arduamente
construiu. Basta lembrar que em 1980 o parque industrial brasileiro era
equivalente aos parques de Tailândia, Malásia, Coréia do Sul e China
somados. Em 2010, a indústria brasileira representou menos de 8% em
comparação com as indústrias desses mesmos países.
Estamos regredindo e voltando a ser uma economia produtora e exportadora
de produtos primários, cujas cotações dependem dos humores da economia
internacional. As mercadorias importadas invadem nosso mercado, enquanto
as exportações de produtos industrializados se reduzem. Em 2011, o déficit na
balança comercial de manufaturados foi de US$ 93 bilhões.
Em 2030 o Brasil contará com uma população economicamente ativa de 150
milhões de pessoas. Precisamos, desde já, fortalecer os setores que serão
capazes de gerar emprego de qualidade para esse contingente de brasileiros.
As atividades do setor financeiro, da moderna agricultura e da extração mineral
expandiram-se e tornaram-se economicamente importantes, porém sem uma
indústria pujante não teremos capacidade de gerar postos de trabalho decentes
na quantidade que o Brasil demandará no futuro próximo.
O ano de 2012 se inicia com a atividade industrial estagnada, com perspectivas
de crescimento anual próximo a zero. Neste cenário, mesmo que a demanda
continue em expansão, novamente a economia brasileira como um todo não
terá forças para crescer acima de 3%.
A sociedade brasileira não pode se comportar de forma passiva e resignada
ante a tudo isso, como se décadas de desenvolvimento e a história nada
significassem. Neste momento de crise internacional, crescimento de demanda
é uma das coisas mais raras do mundo. Precisamos garantir que a demanda
brasileira seja atendida pela produção brasileira, gerando empregos de
qualidade e melhorando a distribuição de renda no Brasil.
Visando contribuir para a construção de um Brasil próspero e com boas
oportunidades para todos, é que estamos reunidos – representantes dos
trabalhadores e dos empresários – para este alerta em defesa da produção
brasileira e de um ambiente econômico favorável ao crescimento.
Assinam este manifesto:
FIESP/CIESP, Força Sindical, UGT, CTB, CGTB, CNM/CUT, Sindicato
Metalúrgicos de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, SINAFER,
SIMEFRE, SINDITEXTIL/ABIT, ABINEE, ABIMAQ, ABIQUIM, ABIPEÇAS,
SICETEL, IABR, FIEMG, ABIPLAST, CNTM/FS, ABRINQ, ABRACI,
ABRAFLEX, SIAPAPECO, SINDICEL.

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