FUNCIONÁRIOS QUEREM CEO QUE SE COMUNIQUE E RECONHEÇA TRABALHO

A cada duas semanas, Eduardo Gouveia, presidente da empresa de cartões de benefícios Alelo, se reúne com cerca de dez funcionários para um almoço, no qual conversam sobre assuntos que vão da estratégia da companhia a aspectos da vida pessoal de todos. Em um desses encontros, um analista jurídico sugeriu a Gouveia que ele deixasse as portas que separavam as salas dos diretores sempre abertas, para facilitar o contato do alto escalão com o resto da empresa. “Mandei arrancar as portas no mesmo dia”, diz Gouveia. “É um símbolo pequeno, mas que faz a diferença.”
Embora seja, de fato, simbólico, o gesto de Gouveia ajuda a explicar os principais pontos de insatisfação que profissionais brasileiros têm em relação aos ocupantes dos maiores cargos das empresas onde trabalham. A busca por mais reconhecimento e comunicação mais transparente são os dois temas que mais motivam reclamações de funcionários destinadas a presidentes de companhias, segundo um levantamento do Love Mondays.
Site que permite que funcionários avaliem anonimamente a empresa onde trabalham, o Love Mondays perguntou aos seus usuários quais conselhos eles dariam ao presidente de suas companhias. Em seguida, analisou as respostas de mais de 3.300 pessoas, que mencionaram mais de 50 temas. “Os funcionários, no geral, sentem que estão na linha de frente da empresa, mas que não são reconhecidos e valorizados por isso”, diz Luciana Caletti, CEO da Love Mondays. “Um dos motivos que mais gera insatisfação é o profissional sentir que não tem acesso ao líder”, enfatiza.
A maior parte dos funcionários aconselharia o presidente a dar mais reconhecimento ao resto da organização. Em segundo lugar, aparece a recomendação de melhorar a comunicação com os trabalhadores e, em terceiro, melhorar salários – algo que Luciana considera bastante atrelado ao fator reconhecimento. Em seguida, vem o pedido: “saber o que está acontecendo no dia a dia da empresa”. Apenas a partir da quinta posição surgem reclamações relacionadas à gestão, como melhorar processos, ferramentas ou o gerenciamento do negócio.
Gouveia, da Alelo, já mantinha o costume de organizar almoços com funcionários na companhia anterior, onde era presidente. Ele mesmo escolhe os profissionais que serão convidados, geralmente de forma aleatória, reunindo diversos níveis, áreas e idades. O almoço mais recente aconteceu com o grupo de dez pessoas que se voluntariou para organizar um comitê sobre o novo escritório da empresa, para onde os cerca de 500 funcionários vão se mudar em abril. “Vamos construir o layout novo para refletir a cultura que queremos empreender”, diz Gouveia. Desde que chegou à Alelo, há um ano e meio, ele trabalha para tornar a cultura organizacional menos hierárquica. Já decidiu que, no novo prédio, não terá uma sala própria.
Atualmente, uma vez por semana, Gouveia leva o notebook para uma área diferente da empresa e passa o dia trabalhando de lá. A cada trimestre, faz uma apresentação de 15 minutos para todos os funcionários sobre o desempenho do negócio. “Assim fica mais fácil entender como o dia a dia do profissional contribui para os resultados”, diz. A estratégia de, nas palavras dele, “manter uma comunicação sem filtros” aparece até em gestos mais simples – sempre que pode, Gouveia vai ao banheiro em um andar diferente do prédio, para circular mais pelos corredores. Ele também liga pessoalmente para os funcionários aniversariantes para desejá-los parabéns, mesmo nos fins de semana. “É um gesto bobo, mas impactante, que ajuda a formar vínculos.”
Ações desse tipo geram um efeito positivo, na opinião de Luciana, da Love Mondays. Nas avaliações das empresas, ela vê com frequência elogios a práticas que buscam dar a funcionários de todos os níveis mais acesso ao alto escalão – mesmo atos simples, como um e-mail rápido elogiando o trabalho do indivíduo ou da equipe, são marcantes a ponto de aparecer em forma de elogios e “pros” das empresas no site. No caso da pergunta sobre os conselhos aos presidentes, embora os assuntos mais frequentes sejam reclamações ou sugestões de melhorias, Luciana conta que há casos de pessoas que escrevem verdadeiras cartas elogiando os CEOs. O 11º tema mais citado, segundo o levantamento, reúne esse tipo de colocação sob o conselho “continue assim”.

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