GRIFES APOSTAM NO CAFEZINHO DE LUXO

Tiffany, Prada, Louis Vuitton e Fendi estão entre as que criam experiências a seus clientes que vão além das compras, uma forma de fixar o lifestyle da marca
Mariana Missiaggia – 06/Set/2024
Em uma época em que os consumidores estão muito mais voltados para experiências do que para compras materiais, as marcas de luxo começaram a investir em espaços onde podem se envolver e se conectar de uma maneira diferente com seus clientes.
Do mais novo bar de café com bolachas impressas com o logo da Zara ao tradicional café azul da Tiffany & Co., pode-se dizer que cada vez mais projetos de cafeterias especiais estarão no radar dessas grifes internacionais.
Desde sempre, lojas, concessionárias, consultórios, escritórios e tantos outros negócios encontram no café uma forma de oferecer algum tipo de gentileza. A presença de uma copeira ou uma mesinha de café era reconhecida por muitos lojistas como uma maneira simples de atrair clientes.
Entretanto, houve quem levasse essa história muito a sério. Em 1998, a Armani foi precursora nesse sentido ao abrir a sua primeira frente na gastronomia – o Saint-Germain Emporio Armani Caffè & Armani/Ristorante.
Embora também apresentasse a proposta de restaurante, o que realmente fascinou quem frequentava a loja foi a possibilidade de se sentar para um cafezinho em um espaço que se distanciava do comum e exalava sofisticação. Não muito tempo depois, marcas como Louis Vuitton, Dior, Chanel e Gucci entraram no negócio.
Em 2017, o mundo da moda assistiu a outro marco nesse sentido. A inauguração do Blue Box Cafe da Tiffany & Co., em Manhattan, Nova York, refletia toda a modernidade e experiência de luxo que a joalheria transmite em sua marca.
No Brasil, quem chegou mais perto disso, na opinião do arquiteto Thiago Carloni, da Soul Retail, foi a Daslu, que até fechar suas portas em 2016 inovou em vários sentidos o conceito de luxo. Com filiais das redes Suplicy e Cristallo, os clientes eram recebidos com café expresso, champanhe e doces como cortesia.
“As clientes mergulhavam em um clube privado, com atendimento exclusivo em um ambiente decorado e com muito conforto, e isso fortalece a presença do público porque era um atendimento superespecial. E as grifes pegaram bem essa tendência”, diz.
Adaptando essa realidade aos dias de hoje, o que mudou, segundo Carloni, é que todo o requinte pensado para essas lojas se transformou em ambientes hiperdecorados – leia-se instagramáveis. Esse movimento ampliou também a possibilidade de atuação das marcas.
Muitas delas passaram a trabalhar novos elementos, como a Tiffany, que há mais de 180 anos é referência no mercado de joias e, agora, também espalha sua linha de itens de casa por lojas de departamentos. Ou seja, após a experiência nos cafés e restaurantes, há um incentivo a visitar essas lojas e comprar esses produtos.
Bianca Ferrer, consultora de mercado de luxo, lembra que nesse segmento as marcas têm muito peso. Acessar o mercado com o seu próprio nome em diferentes frentes – ainda que seja em um novo segmento – automaticamente faz com que aquele produto ou empreendimento seja considerado da mais alta qualidade.
Olhando por essa perspectiva, Bianca diz existir um vasto mercado a ser explorado, também em terras brasileiras. Pequenos produtores e artesãos locais podem vender para marcas de luxo ao evidenciar sua produção, como joias quase raras.
Nas palavras da consultora, um produto de luxo remete a uma qualidade excepcionalmente alta, idealmente virá com uma história e, por isso, deve sempre estar disponível em quantidades muito limitadas. “As estrangeiras já replicam bem esse pensamento, mas no Brasil isso muitas vezes é esquecido. Os produtos de luxo devem ser tratados como microlotes da mais alta qualidade, com apelo de raridade e a preços que refletem seu verdadeiro valor. O cliente sente que teve sorte comprando”, disse.
E vários são os cases de sucesso pelo mundo. A Fendi apresentou seu Fendi Caffé, no Changbaishan International Resort, um destino de esqui localizado no norte da China. Na Itália, o Gucci Giardino 25 é um café e bar de coquetéis da Gucci, na Piazza della Signoria, em Florença, com um anexo, o Gucci Garden, que abriga um museu, loja e restaurante Gucci.

Gucci Garden, em Florença, reúne loja, gastronomia e museu
Já o Thomas’s Cafe da Burberry, em Shenzhen, na China, é um espaço colaborativo inspirado no legado de seu fundador, Thomas Burberry, de unir comunidades. Também pensado para ser um espaço dinâmico, o café pode ser convertido em espaço para palestras, workshops, exposições e apresentações ao vivo.
Em Milão, o bar Luce da Prada está em evidência logo na entrada da Fondazione Prada, uma instituição de arte contemporânea fundada por Miuccia Prada e Patrizio Bertelli. O espaço do café é considerado uma obra de arte por si só. Com padrões no teto arqueado e telhado de vidro, o espaço reproduz as decorações do edifício Galleria Vittorio Emanuele, de Milão, uma galeria comercial, desenhada no século XIX, onde estão as lojas mais famosas do mundo.
BLUE BOX CAFE TIFFANY & CO
Localizado na icônica 5ª Avenida, o café pertencente à famosa joalheria Tiffany & Co. ostenta duas estrelas Michelin em seu currículo. Ele foi reformado há um ano e agora oferece uma área privada para jantares e um bar que apresenta instalações artísticas, tornando a visita uma experiência visualmente encantadora.

Café da Tiffany foi pensado para o cliente se sentir dentro de uma caixa de joias
Cercadas por joias Tiffany, as mesas do café são todas preparadas com itens da linha de Home and Acessories para aqueles que desejam levar um pouco da experiência gastronômica da Tiffany para casa. São peças de decoração, uma linha de baixelas de prata esterlina, livros vintages com curadoria da editora de livros Assouline, além de um laboratório de fragrâncias – tudo pode ser comprado.
O tom de azul icônico da marca, que tem a cor Tiffany Blue registrada, é infundido em todo o café e a ideia é justamente criar a ilusão de estar dentro de uma das famosas caixas azuis da Tiffany. Além da unidade americana, há também outros cafés da marca na China e em Londres.
ZARA
Gigante do mundo fast fashion e aspirante a grife de luxo, a Zara não deixou para trás e despontou no Tik Tok no último ano ao inaugurar o primeiro Zara Collective Café do mundo, em Dubai, no Mall of the Emirates. Com doces inspirados na cozinha francesa, bolos e outros quitutes que são exibidos em vitrines, tudo se tornou instagramável no café – especialmente um biscoito com cobertura de chocolate que estampa a logo da marca.
Tudo chega empratado nos artigos decorativos da Zara Home, e as mesinhas para degustação dos itens comprados são bem colocadas entre obras de arte e corners que parecem butiques, dedicadas a várias novas linhas, como a de lingerie, beleza, calçado e acessórios. A cafeteria segue a mesma linha estética das lojas da rede, com uma decoração simples, mas elegante.
LOUIS VUITTON

A marca com melhor performance do grupo LVMH e muito famosa por seus artigos de couro, a Louis Vuitton escolheu uma enorme e poderosa loja no Japão, a Louis Vuitton Maison Osaka Midosuji, para abrir o Café V, em um terraço espaçoso com bar, aconchegantes sofás amarelos e uma sala reservada para convidados.
No mesmo andar, a marca afunila ainda mais o conceito de exclusividade com o Sugalabo V, aberto apenas para o jantar e com poucos lugares. Por lá, apenas ingredientes locais em uma cozinha autoral que só pode ser experimentada por um clube fechado. O processo de reservas é secreto e aberto apenas para os convidados da grife.

Fonte: Diário do Comércio

IMAGENS: divulgação

 

 

 

Sobre Sindal

Entidade sindical patronal da indústria do Estado de São Paulo, oficializada pelo MTE em 25 de janeiro de 1999, o SINDAL congrega, defende e representa os interesses das empresas que se dedicam à atividade econômica de projetar, fabricar, montar, suprir e dar manutenção em equipamentos e produtos para cozinhas profissionais e para a infraestrutura física de produção de alimentos servidos pelo setor do foodservice em geral.

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