SETOR DE REFEIÇÕES COLETIVAS: CARTA ABERTA À FEBRABAN

São Paulo, 24 de abril de 2020.

Aos Srs.

Isaac Sidney Menezes Ferreira – Presidente da Diretoria Executiva e

Pedro Moreira Salles – Presidente do Conselho Diretor e do Conselho Consultivo

Da FEBRABAN – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS

Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.485, F14 – Pinheiros

01452-002 – São Paulo – SP

Prezados senhores,

Tudo está azul no céu deste Brasil varonil. Os fortes, os varões, os viripotentes de uma classe que manda nos mais fragilizados. E quem são os fragilizados? Todos nós do SETOR PRODUTIVO da economia do País. Aquelas empresas, pequenas, médias e grandes, que geram milhares de empregos diretos e indiretos, que se sujeitam a alta carga tributária e ao emaranhado de normas fiscais, com margens cada vez mais apertadas.

A nossa cadeia produtiva é vasta, e, nessa esteira, alocam-se recursos, que geram muitos empregos. Vejamos o nosso caso, que são os restaurantes sociais ou de atendimento a coletividades, como fábricas, hospitais, casas de saúde, presídios, merenda escolar, escolas privadas, plataformas de exploração de petróleo, aviões (que saem e chegam), enfim: onde houver uma coletividade, lá estamos nós: nutricionistas, chefes de cozinha, cozinheiros, copeiras, garçons, atendentes, confeiteiros, açougueiros. Mas isso é apenas a ponta. Atrás deles, em diferentes níveis, há técnicos em agricultura, engenheiros de alimentos, plantadores, agricultores, motoristas, e vamos afora. Chegamos facilmente a uma relação objetiva: cada cargo que geramos em nossa atividade mais cinco (5) são gerados nessa extensa cadeia, que transforma, agrega valor e faz a máquina da economia girar.

A economia está sempre promovendo reduções em seus quadros de trabalho, ou seja, de mão de obra. Bem, se nada for feito e o ritmo da economia for aquele que se desenha para os próximos meses, o nosso segmento irá demitir grande número de colaboradores, dos quase 380 mil trabalhadores do segmento de food service.

O nosso negócio tem sua grande característica no emprego de mão de obra. Pode ser desastroso, mas é real:

  1. para produzir 40 (quarenta) pratos de comida, precisamos de uma (1) mão de obra;

  2. na estrutura de custos, aqueles direitos de mão de obra representam, na média do food service, 38%. Grandes contingentes alocados em pequenas, médias e grandes corporações, mas que têm uma atividade laboral importante na vida de cada um de nós cidadãos, que temos que nos alimentar.

O nosso negócio representa, por outro lado, um importante canal de distribuição de grandes e pequenos operadores do segmento. Para atender à demanda de 45 milhões de refeições por dia, para todos os subsegmentos da sociedade, inúmeras fábricas de produtos alimentares e pequenos produtores da Agricultura Familiar entram diariamente em cena. Eles produzem, mas uma imensa cadeia logística também marca sua presença para o transporte dessas mercadorias. Alguma dúvida da nossa importância para todos os brasileiros, para a sociedade e para a própria economia do Brasil?

Assim, não podemos viver discretos (low profile), à margem dos acontecimentos. Queremos expor nossas posições e, além de defender a continuidade dos negócios, colocarmo-nos ao lado da população que deve continuar sendo atendida e alimentada.

Como evitar a pandemia econômica?

Os Bancos receberam, neste período que marca o início da pandemia do Covid-19 no Brasil, uma série de incentivos à abertura de crédito e à redução de taxa de juros e de custo do dinheiro. Os benefícios são significativos:

  1. redução do depósito compulsório;

  2. recursos subsidiados pelo BNDES;

  • Selic com taxas de 3,75%.

Ações que representam estímulos aos banqueiros para que estes procedam ao que a sociedade espera deles neste momento.

É claro que a intenção do governo foi das melhores. Mas vejam o que efetivamente chega para as pequenas e médias empresas, justo as que mais precisam de crédito a juros mais baixos. Verifica-se que:

  1. o crédito se tornou muito mais seletivo, até mesmo burocrático;

  2. que todas as taxas, ao invés de caírem, subiram, batendo, em alguns bancos, a 18% a.a., e, para culminar,

  • retardam as operações que deveriam ser imediatas.

Qual o papel, neste momento, dos Bancos?

Vamos ver o que acontece nas empresas. É de domínio público (e largamente alardeado na mídia!), que nossas empresas demandam recursos para já, para a folha de pagamento, por exemplo. As empresas, que já sofriam com os problemas de margens reduzidas, passaram, por conta da pandemia, a enfrentar resultados altamente deficitários, sendo levadas a aceitar qualquer taxa de juros impostas pelos Bancos. Estamos presos e seremos todos totalmente sacrificados.

Estamos no início da longa caminhada que nos levará, talvez, somente dentro de 12 a 18 meses, a recuperar os volumes de fevereiro de 2020. Muitos vão fechar seus negócios, outros milhares ficarão sem seus empregos e sem dinheiro. Colapso total. Por quê? Se os Bancos não tiverem sensibilidade ao mercado e não fizerem nada neste momento, o pior acontecerá, transformando todos nós em números, prisioneiros do sistema financeiro.

Nossos pedidos

O governo, de um lado, tenta manter o sistema financeiro saudável, no entanto, vimos aqui solicitar que a FEBRABAN venha a se manifestar quanto a:

  1. i) Repassar os incentivos recebidos pelos bancos às empresas, para que possam, neste momento de grandes incertezas, manter e cumprir seus compromissos, assegurando que, ao final, quem realmente ganhe seja a sociedade;

  2. ii) Incentivar outros bancos, em especial os bancos digitais e as fintechs, instalarem-se no Brasil;

iii)           Incentivar o governo a zerar o IOF;

  1. iv) Pedir aos bancos que aloquem créditos abundantes e baratos para empresas de todos os tamanhos de empresas e de todos os segmentos, diminuindo e onerando créditos para quem não precisa, e

  2. v) Incentivar o governo a reativar os bancos regionais de fomento, para competirem com os demais bancos filiados a essa entidade.

                Agradeceríamos a análise destas demandas, nos posicionando a respeito,

No aguardo,

FENERC – Federação Nacional das Empresas de Refeições Coletivas, de Alimentação para a Coletividade, Refeições de Bordo e Cozinhas Industriais

Entidades Apoiadoras:

CNTUR                 Confederação Nacional do Turismo

ABERC                  Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas

ABRASEL-SP       Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – São Paulo

CEBRASSE           Central Brasileira do Setor de Serviços

FBHA                    Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação

FHORESP             Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo

PNBE                    Pensamento Nacional das Bases Empresariais

SINDAL                Sindicatos dos Fabricantes de Equipamentos, das Empresas Fornecedoras de Produtos e Serviços de Projeto, Montagem e Manutenção de Cozinhas Industriais do Estado SP

SINDERC/SP       Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas do Estado de São Paulo

SIERC-RS/SC      Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas dos Estados do RS e SC

SERCOPAR          Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas e Alimentação Escolar do Estado do Paraná

SIECARC-CE        Sindicato das Empresas do Comércio Atacadista de Refeições Coletivas do Estado do Ceará

SINDERC/MG    Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas do Estado de Minas Gerais

SINDERC/BA      Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas do Estado da Bahia

SINDRESBAR/SP               Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo

SINDHOTEIS/SP Sindicato das Empresas de Hotelaria e Estabelecimentos de Hospedagem do Município de São Paulo e Região Metropolitana

Sobre Sindal

Entidade sindical patronal da indústria do Estado de São Paulo, oficializada pelo MTE em 25 de janeiro de 1999, o SINDAL congrega, defende e representa os interesses das empresas que se dedicam à atividade econômica de projetar, fabricar, montar, suprir e dar manutenção em equipamentos e produtos para cozinhas profissionais e para a infraestrutura física de produção de alimentos servidos pelo setor do foodservice em geral.

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