Maconha: iluminando caminhos em 2018?
The Business of Cannabis Kitchens
Com a expectativa de o Canadá legalizar o uso recreativo da maconha em julho deste ano, espera-se grandes inovações no segmento de comidas e bebidas, segundo reportagem de Emily Lewis.
Especialistas na área de food service como Tom Vierhile, da GlobalData, acreditam que a maconha recreativa atingirá os mercados como uma tempestade – tendo em vista principalmente o processo de legalização que se espalha pelos estados norte-americanos.
“Em razão da legalização desses produtos, você observa empresas começando a inovar e adicionar o THC – a substância ativa da maconha – a vários alimentos, incluindo doces, biscoitos, snacks, bem como a bebidas.
Um mercado complicado
A notícia de impacto mais recente ligada à maconha foi a aquisição, por parte da nova-iorquina Constellation Brands, de uma participação minoritária na Canopy Growth Corporation, produtora canadense maconha medicinal.
O investimento representa 9% do Canopy Growth. Para Vierhile, a aquisição indica uma mudança no mercado.
“A maioria das grandes companhias adotou uma posição de distanciamento em relação aos produtos com THC. Mas a grande notícia foi a Constellation Brands. Com o Canadá legalizando a maconha recreativa, empresas maiores começarão a se mover para esse mercado, fazendo experiências com produtos próprios”, observa.
O especialista, porém, também apontou o que pode impedir que grandes empresas e varejistas participem desse mercado nos EUA.
“Por se tratar de um processo legislativo feito de remendos, penso que as grandes marcas provavelmente não querem se envolver com um produto e comercializá-lo onde é legal, e depois o verem surgir em estados onde não é.”
Segundo Vierhile, esse é o ponto que pode levar menores empresas a tomarem a dianteira. “Acredito que veremos companhias menores emergirem porque estarão dispostas a assumir riscos, sem carregar grande reputação que possa ser manchada.”
A cerveja com medo
O principal grupo consumidor de maconha recreativa, seja de forma comestível, bebível ou como fumaça, tem entre 21 e 24 anos de idade. As empresas de álcool estão particularmente preocupadas que seu nicho seja invadido. Segundo a MillerCoors, 40% de suas perdas no mercado de cerveja concentra-se justamente nos consumidores de 21 a 24 anos.
“A cerveja é vista, tradicionalmente, como uma bebida alcoólica ‘de entrada’ para consumidores mais jovens. Porém, há muitos problemas ligados a saúde, ao bem-estar, e ao valor calórico da cerveja”, explica Vierhile.
Para combater essa queda no consumo de bebida pelos jovens, a MillerCoors está lançando uma nova cerveja aromatizada, batizada de “Two Hats”, com foco na faixa de 21 a 24 anos de idade.
“Os consumidores mais jovens com idade legal para beber representam um nicho difícil para as empresas cervejeiras”, diz Justine Stauffer, gerente de marca para a Two Hats. “Em parte, porque esse grupo enxerga a cerveja como algo “muito polarizador”, explica.
Próxima grande coisa
Embora Vierhile preveja um crescimento importante para os itens ligados à maconha e ao THC em 2018, no setor de alimentos e bebidas, particularmente, já existem empresas com produtos estabelecidos no mercado.
Entre eles, está o Cannabis Quencher Sips, da VCC Brands, que vem em garrafas do tipo “sip-sized”, que controla a dosagem consumida. Outro nessa lista é o California Dreamin’, da Seven Cities Beverage Companies, suco comercializado como 100% natural e com ingredientes de origem identificada.
O especialista em food service enfatiza que os produtos ligados à maconha e ao THC não devem ser subestimados – e muito menos “são apenas uma fase”. Em 2001, uma pesquisa da Gallup apontou que 31% dos americanos eram a favor da legalização da maconha, o que saltou para 64% em 2017.
“A grande questão é que a maconha está negativamente associada ao tabagismo, e não estou convencido de que é aí que o crescimento reside. Serão, sim, os alimentos e bebidas, provavelmente, um caminho forte de inovação para o futuro”, conclui.
Mais detalhes:
A conferência “FCSI The Americas”, entre 19 e 21 de abril deste ano, em Denver, Colorado, terá uma sessão (breakout session) entitulada “The Business of Cannabis Kitchens”, com Jaime Lewis, fundador e CEO da Mountain Medicine. O segmento da maconha está em em expansão em Denver, onde lojas licenciadas podem vender o produto no varejo. O tema que aborda como projetar e especificar para cozinhas dentro do contexto da produção alimentícia com maconha é novo para muitos consultores, e vale a pena participar.
FCSI
FOODSERVICE CONSULTANT – NEWSLETTER 04-01-2018
reportagem de Emily Lewis
Postado em 21 de dezembro de 2017