CHEF RODRIGO OLIVEIRA FECHA RESTAURANTE MOCOTÓ

ENDEREÇO ESTRELADO (Guia Michekin, Comer & Beber e ranking 50 Best da revista inglesa Restaurant) NA VILA MEDEIROS FUNCIONA SOMENTE ATÉ 7 DE OUTUBRO, UM DOMINGO

A notícia é inusitada. Imagine um restaurante multipremiado, que acaba de receber pela terceira vez as cinco estrelas máximas atribuídas pelo guia anual COMER & BEBER, fechar. Adicione à coleção de prêmios uma estrela do Guia Michelin e ainda uma menção no ranking 50 Best da revista inglesa Restaurant para a América Latina. Sim, esse restaurante existe, mas somente até 7 de outubro. Depois desse dia, encerra definitivamente as atividades. O estabelecimento em questão é nada menos que o Esquina Mocotó, endereço de cozinha brasileira autoral de Rodrigo Oliveira, na Vila Medeiros.

“Quando uma coisa dá muito certo já é hora de fazer outras. Dentro desse modelo não tinha mais o que inventar”, diz Oliveira. No lugar, surgirá uma nova casa, que deve estar pronta somente no primeiro trimestre de 2019. Veja trechos da conversa que tive com o chef, que deve devolver o prêmio a Veja São Paulo:

 

Última chance: receitas como o chocolate branco caramelado, a costela de angus com cuscuz de milho croquete de porco e coração de pato deixarão de ser servidas

 

O Esquina Mocotó


O Esquina era algo que a gente não sabia fazer. Deveria ser diferente do vizinho Mocotó, ter cozinha brasileira e ser exclusivo. A mensagem foi se construindo com o tempo. A gente foi evoluindo de um começo superdesafiador e aprendendo a fazer tudo. Depois de cinco anos, ficou confortável ter as cinco estrelas da Vejinha, uma estrela Michelin e estar na lista do 50 Best. A ideia é encerrar com chave de ouro esses cinco anos.

A BERTA Cozinhas é a parceira tradicional em equipamentos do renomado chef. Sílvio Castelhano, João Peres (Sindal) , chef Rodrigo e Leonardo Castelhano no Esquina Mocotó.

Motivos do fechamento


Nosso tíquete médio varia de 98 a 108 reais, muito barato se comparado com o de outros cinco-estrelas da cidade, mas caro para a ‘quebrada’ onde estamos, caro para as pessoas do bairro. Dá para calcular o quanto a gente lutava para manter essa faixa de preço. Para que continuássemos a ser inclusivos, precisávamos nos reinventar.

O novo ocupante


Se chamaria Rolê, mas o nome já está registrado e estamos pensando em outro. Vamos destilar todo o aprendizado do Esquina e colocar num formato mais inclusivo. Estamos criando um fast service, não é um fast food. O serviço deve ser rápido, com a meta de ter um cardápio 100% orgânico. Vai ser centrado muito mais nos vegetais do que nas carnes. É um restaurante paulistano e suburbano. Vai conversar com a ‘quebrada’ e a cidade. Terá de oferecer mais do que comida e bebida, será um lugar de interação e formação. Traremos música, arte, pintura, fotografia. Vamos criar um espaço para esse pedaço da cidade tão carente de beleza. O que há de melhor na cidade é para muito poucos.

Remodelação visual


Vai mudar toda a fachada, que receberá intervenções de artistas urbanos. Internamente também a decoração será mais contemporânea. Vamos trocar o grafite do Speto [que ocupa uma das paredes e era a parte essencial da identidade visual do restaurante]. Ele deve ser convidado para participar dessa intervenção. A gente tem um parceiro, um cara muito legal: o [rapper e estilista] Emicida vai assinar os uniformes.

Esquina Mocotó X Balaio IMS

São propostas diferentes. O Balaio olha para o Brasil, e o Esquina Mocotó era mais sertanejo [o chef refere-se ao restaurante sempre no passado, como se já estivesse fechado].

Função de um restaurante

Tem um pensamento que me inquieta desde uma conversa que tive com a historiadora Adriana Salay, que é minha mulher. Ela perguntou para que serve um restaurante. Falei de uma maneira muito floreada que é um duelo da natureza com a cultura, da expressão do menu. Ela falou: é bonito, mas restaurante serve essencialmente para uma coisa fazer com que as pessoas saiam melhores do que entraram. Isso me deu um estalo, a gente tem que restaurar as pessoas não só fisiologicamente, mas uma restauração emocional e intelectual. Um restaurante pode restaurar uma comunidade. A gente acredita que sim.

Por Arnaldo Lorençato

28 set 2018

Sobre Sindal

Entidade sindical patronal da indústria do Estado de São Paulo, oficializada pelo MTE em 25 de janeiro de 1999, o SINDAL congrega, defende e representa os interesses das empresas que se dedicam à atividade econômica de projetar, fabricar, montar, suprir e dar manutenção em equipamentos e produtos para cozinhas profissionais e para a infraestrutura física de produção de alimentos servidos pelo setor do foodservice em geral.

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