ENTRETENIMENTO MULTI-GASTRONÔMICO: – GASTRONOMIA PARA TODOS OS GOSTOS

ENTRETENIMENTO MULTI-GASTRONÔMICO: –

O CONCEITO TÉCNICO DE ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR PRECISA SER AMPLIADO PARA INTEGRAR ESSA COMBINAÇÃO DE GASTRONOMIA COM ALIMENTAÇÃO, EXPERIÊNCIA, RELACIONAMENTO, LAZER, INTERAÇÃO, CONEXÃO E ENTRETENIMENTO, QUE CARACTERIZA OS NOVOS FORMATOS QUE TÊM SURGIDO.

A crescente inclusão de operações de alimentação nos novos conceitos de lojas que têm sido lançados em todo o mundo, e também no Brasil, é um dos temas mais consistentes no atual cenário dos setores de varejo e shoppings centers.

O fato é que parcela crescente dos dispêndios com alimentos das famílias tem migrado para o que é produzido fora de casa, conjugado com a necessidade de agregar mais experiência e relacionamento nas lojas e shoppings, o que explica, em parte, essa tendência.

Importante lembrar que apenas alimentação fora do lar, no conjunto dos dispêndios com alimentação em geral, representa 36% no Brasil e 48% nos Estados Unidos.

Mas também contribui a realidade de que a internet e o e-commerce têm reduzido o tráfego nas lojas e centros comerciais. Esses espaços têm tido menor demanda no mercado, como comentamos no recente Momentum “Sobra loja no mundo e não tem volta”.

O conceito técnico de alimentação fora do lar precisa ser ampliado para integrar essa combinação de gastronomia com alimentação, experiência, relacionamento, lazer, interação, conexão e entretenimento, que caracteriza os novos formatos que têm surgido.

Poderíamos falar, em síntese, talvez, do entretenimento multi-gastronômico.

Como o que tem sido proposto por Whole Foods em seus novos formatos, envolvendo área de degustação, cursos e alimentação, combinados com alimentos produzidos e oferecidos “on demand”, para consumo local ou “to go”, assim como um bar dentro da loja com dezenas de alternativas de cervejas, vinhos e aperitivo, ilhas de alimentos prontos para consumo na própria loja ou para serem levados. Tudo isso numa só loja, anteriormente, um supermercado com foco em alimentos orgânicos e naturais.

Loja Whole Foods

Tudo isso não é muito diferente do que a rede Mariano’s, de Chicago, adquirida pela Kroger, tem feito em Chicago. Ou como a Wegmans. Ampliar, diferenciar e investir na alimentação fora do lar com essa visão amplificada.

Os exemplos se multiplicam. A loja da Tommy Bahammas, na 5ª Avenida, em Nova Iorque, incorporou o bar de acesso interno ou externo direto.

A Ralph Lauren há um bom tempo agregou restaurante e bar na loja central de Manhattan, além de ter feito o mesmo em suas unidades em Paris, Chicago e Londres.

The Polo Bar, na Ralph Lauren

As recém-inauguradas 10 Corso Como e RH, também em NY, colocam a área de alimentos, entretenimento e gastronomia ocupando algo entre 20 e 25%, aproximadamente, da área total das lojas.

Mudando de geografia, é importante reconhecer que esse movimento nasceu na Europa, com a reconfiguração dos espaços das tradicionais lojas de departamentos, re-alocando suas áreas de alimentação que desceram dos andares mais altos para ocuparem os espaços mais nobres do térreo, como fizeram Harrod’s, Selfridges, Waitrose e outras na Inglaterra, assim como Galleries Lafaiette, Printemps e, mais recentemente, Monoprix na França.

Na França, o tema motivou a Auchan a desenvolver conceitos de restaurantes e bares com operação própria independente, Flunch. Ou na Alemanha, com movimento similar nas lojas Karstadt, Kaufhaus e KaDeVe.

Ou, na mesma direção, El Corte Inglés, na Espanha ou em Portugal. Na recém-reconfigurada loja de Lisboa do El Corte Inglés, alimentação, combinada com gastronomia e entretenimento, passou a ser, talvez, a maior âncora da loja, com espaços no subsolo, agregado ao hipermercado e mais outro espaço dedicado no último andar, reproduzindo modelo que tem implantado na maioria de suas lojas.

El Corte Inglés

Nos shoppings centers, aeroportos e centros comerciais, é crescente a preocupação em ampliar o espaço dedicado e o número de alternativas para substituir e complementar os espaços anteriormente dedicados a lojas de revendas de produtos.

No Brasil, esse movimento tem sido mais limitado à incorporação de cafés ou bares em algumas operações de lojas de varejo e serviços (barbearias, cabelereiros e outros) e está muito atrasada na reconfiguração de espaços para atender demandas emergentes no setor de super e hipermercados.

Nesses, a visão ainda é bastante limitada à oferecer mais do mesmo, sem uma proposta estratégica mais ambiciosa.

Nos shoppings, já é flagrante a transformação contingencial.

Com menor demanda do varejo tradicional, os principais desenvolvedores têm investido e ampliado as áreas para essa combinação do entretenimento multi-gastronômico, que conjuga, ao mesmo tempo, alternativa para ocupação de espaços com a oferta de opções para um mercado em rápida e irreversível transformação.

Como quase tudo na vida, oportunidade para uns, conjugada com ameaça para outros. Vale pensar!

*Imagens reprodução

por Marcos Gouvêa de Souza

24 de setembro de 2018

Sobre Sindal

Entidade sindical patronal da indústria do Estado de São Paulo, oficializada pelo MTE em 25 de janeiro de 1999, o SINDAL congrega, defende e representa os interesses das empresas que se dedicam à atividade econômica de projetar, fabricar, montar, suprir e dar manutenção em equipamentos e produtos para cozinhas profissionais e para a infraestrutura física de produção de alimentos servidos pelo setor do foodservice em geral.

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